quinta-feira, 22 de novembro de 2007

(Memórias) da cegueira*2

"Há sempre presente uma política dos sexos, quer dizer uma necessidade para cada um deles de conduzir, conscientemente ou não, uma política (...). (...), há um jogo e paradas em jogo, um modo de relação difícil de regular , do qual ninguém pode abstrair e que envolve relações de poder."
Sylviane Agacinski, Política dos Sexos

Por que teima em não se cumprir?
Em deixar-se conduzir, levar conforme a sorte e a mão que lhe estende a possibilidade de não pensar?
Por que insiste em não existir? Materializar-se apenas no gosto do outro, nos olhos do outro, na posse de quem diz que lhe quer bem?
Por que mantém os olhos bem fechados e sonha com véus que lhe toldam os sentidos e sedas que lhe vedam o pensamento?
Escolham por mim, reclama na voz mimada de quem nunca lutou porque outras fizeram-no por ela, antes dela e que lhes custou o suor do rosto, os braços pisados, a face conspurcada pelos insultos.


* O blá blá do post com o mesmo título e mesma ilustração.

1 comentário:

Anónimo disse...

Porquê, porquê e porquê? Queremos saber!
Alguém precisa de se “explicar” (o que é deveras difícil, eu diria até impossível) e de se justificar!? É preciso ouvir as suas razões ou, pelo menos, falar nelas. "É a falar que a gente se entende". Perceber? Talvez sim ou talvez até não, pois às cegas andamos todos(digo eu).