Tinha ar de sapatona. Sem dúvida, uma sapatona. O termo foi introduzido no meu léxico há cerca de um ano. Significa "lésbica", explicaram-me. Naquela altura, o ar de uma lésbica era uma incógnita para mim. Naquela altura era e continua, hoje, a sê-lo. Se um judeu ou um muçulmano podem ser mais ou menos identificáveis pela indumentária - tal como um padre católico o é pelos seus paramentos, não se pode dizer o mesmo de uma lésbica, ou de um homosexual, falando genericamente.
O certo é que ela tinha/tem esse ar. Estranho dizê-lo, porque quando o escrevo não significa que ela seja lésbica, ou sequer que eu consiga entender ou identificar as preferências sexuais de alguém somente pela forma de vestir, ou pelas suas atitudes. Significa tão somente que tem um ar de sapatona. Tem um ar feio, apesar de ser bonita. É feia por se perceber que gosta de sentir o controlo sobre alguém. Porque sabe mais, porque domina o que está a fazer. E porque se sente confortável por esse conhecimento lhe conferir o poder - temporário - sobre o outro. Estranho porque me concentro no ar dela como forma de a criticar, sendo que não é isto que quero dizer. O ser é sempre indissociável do parecer.
domingo, 12 de agosto de 2007
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2 comentários:
também não conhecia o termo.
O ser e o parecer são aparentemente indissociáveis.
Em muitos casos, topa-se. Não necessariamente pela indumentária.
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