terça-feira, 31 de julho de 2007

Subsídios para uma educação contemporânea

Chocam-se sempre os outros quando afirmo esta minha vontade de não ter filhos. O olhar de incredulidade é avassalador porque continua a conceber-se que uma mulher não poderá desejar outra coisa; quantas vezes ouvimos rasgadas exclamações quanto à maternidade como condição necessária à concretização feminina? Portanto, após o movimento inicial de incredulidade, imediatamente ouço o inevitável "Isso é agora, porque ainda não sentiste o apelo." E o encolher de ombros imaginário é mútuo.
Não tendo especial inclinação para a maternidade, admiro a coragem de quem assume o passo. Ter um filho é um compromisso vitalício, um gesto de dádiva ao outro (quase) ímpar. Assumo assim, que a decisão da maternidade excede-me, implica um acto de responsabilização radical absoluto para o qual não me sinto preparada. Ao acolher uma criança em mim, acolho o compromisso de a acompanhar até onde ela queira e possa. Decisão difícil, assustadora. Não tendo vocação para uma dádiva tão extensa, mantenho-me quieta, ocupada pela educação criteriosa de uma gata.
O apelo de que todos falam, o relógio biológico que desperta em todos - homens e mulheres - é, portanto, inevitável. Pelo menos no imaginário da maior parte dos mortais. E, portanto, as crianças nascem orgulhosamente embaladas pelos olhares da Mãe orgulhosa e do Pai babado.


Frequentadora assídua dos corredores das instituições públicas de educação, também sei que o fascínio inicial muitas vezes esbate-se perante as necessidades da criança. É que a criança chora; adoece; tem birras. Bate o pé e exige atenção. E o olhar embevecido muitas vezes torna-se um olhar desesperado. Mais, a criança tem que ser alimentada, vestida. A criança exige a última playstation. E, portanto, os progenitores muitas das vezes bem intencionados encontram-se em conflito aberto entre as birras da criança e as birras da entidade patronal.
Os pais extremosos saem todas as manhãs e regressam às noite; acompanham o pequeno almoço e o jantar dos meninos. Quando acompanham. Tudo o mais, passa-se na instituição que os acolhe, substituindo-os enquanto procuram pagar o pão e a estadia na tal instituição. Para colmatar esta lacuna - dos pais que ainda passam um fim de tarde com as suas crianças - cogita-se a hipótese de o horário das creches ser prolongado até às 22 horas. Diz-se que para garantir que os Pais com horário nocturno também sejam abrangidos. Os horários nocturnos não terminam às 21.30, nem sequer às 22. Mas certamente as entidades patronais agradecem o desvelo. A criança das 8.30 às 22 horas no jardim de infância. Que maravilha!
Ainda assim, é pouco. Proponho então que as educadoras tenham também a tarefa de ir deitar as crianças nas suas caminhas, já que tal pode roubar tempo aos Pais. Vamos até mais longe: as crianças só deverão regressar a casa aos fins de semana - e só no caso de não constituir entrave para a vida profissional dos progenitores. Na verdade, o ideal reside na possibilidade dos Pais só retirarem as crianças do infantário ao fim de semana se tal lhes apetecer. Porque nem só de trabalho vive um casal, convém que possam ter tempo só para si, sem os berros de uma criança que reinvindica atenção. Estamos no bom caminho.

Fotografia de Jan Saudek

13 comentários:

Anónimo disse...

WOB
bem sabemos que já tecemos (pessoalmente) inteligentes coversas sobre o tema do teu post.
Surpeende-me, permite-me, a ligeireza com que o colocas aqui. A minha opinião vale somente o que vale. Óbvio!

A Mulher é Útero, desde as culturas mais remotas. Nem me apetece, hoje, tecer este novelo...

Parir um ser humano, não é, permite-me, «um gesto de dádiva ao outro (quase) ímpar» é, efectivamente, ímpar. Um acto autêntico de amor que leva consigo outras dimensões do amor, porque não estou, neste comentário, a conceber a concepção de um filho como sendo somente de uma mulher, ainda que o possa, também tematizar.

Vais-me desculpar, sei que és criteriosa com a tua gata, mas os gatos não são educáveis, na essência da palavra. Só o ser humano é educável, auto-educável, por sinal.

Tens razão, as crianças fazem muitas birras e são umas chatinhas, vezes sem conta. Algumas, são malcriadas, ora, não é à toa que o ser humano se (auto-)educa por via dos modelos que se lhe oferecem.

A segunda parte do teu post, coloca, na minha perspectiva, um problema outro, da dita sociedade moderna. «Saltas» da questão inicial de se saber, afinal, se a maternidade é condição necessária à realização da mulher, para os valores que (des)orientam esta coisa que se designa por civilização moderna. E isso, quanto a mim, são duas questões distintas, ainda que possam, de alguma forma, relacionar-se.

Um subsídio autêntico para uma educação de futuro, a partir do que temos hoje, seria uma radical transmutação de valores para a vida humana, no seu todo.

O prolongamento de horários nas organizações educativas (forma de expressão) existe, para que uma certa classe média, possa, absolutamente alienada, continuar a sustentar aqueles que apregoam o crescimento económico como condição necessária á felicidade humana. A história das sociedades industrializadas, mostra, facilmente, essa relação.

As crianças deviam nascer, somente, do amor que unisse uma mulher e um homem.

Seria interessante introduzir aqui a discussão das razões pelas quais muitas lésbicas desejam a adopção.

para finalizar, sendo, sei-o, absolutamente, mal entendida, dir-te-ei:

se as mulheres se dedicassem à educação das crianças, no seio de uma cultura que não fosse, como a nossa, patriarcal, nem matriarcal per si, as crianças, não dúvido, seriam menos malcriadas e menos chatinhas. E eu não teria, tantas vezes, vontade de lhes dar duas ou três palmadas.

Woman Once a Bird disse...

Rosa:
Muito obrigada pela tua resposta. temo que tenhas levado demasiado a sério o post.
Primeiramente abordo a questão do meu ponto de vista: a maternidade (ou paternidade, de resto) é tão séria que não me sinto apta ou sequer inclinada para tal.
Mas a maternidade (ou paternidade) nem sempre é um acto de amor, nem sequer se prolonga como acto de amor. E isto, vejo todos os dias - nas ruas, nas escolas, etc. Portanto, não será tão descabido ter utilizado o quase entre parentesis. Não sendo condição de realização da mulher (ou do homem), é encarado com essa ligeireza, como se fosse uma inevitabilidade. O que resulta numa data de famílias disfuncionais, pouco preparadas para as necessidades que tal decisão implica. E por isso temos encarregados de educação que depositam os filhos como, onde e com quem podem e que imploram aos professores dos seus filhos que os eduquem, porque já não conseguem fazê-lo.
Mas mais uma vez, acho que levaste este post demasiado a sério.

Ceridwen disse...

WOAB: a proposta de alteração de horários das creches, suponho, relaciona-se com a última revisão do Código do trabalho (só o trabalho prestado a partir das 22 horas é considerado no horário nocturno tendo direito a retribuição como tal). Hoje em dia há muitas profissões non-stop - não me parece muito rigoroso afirmar que os horários não terminam às 22: para quem trabalha em centros comerciais, hipermercados, transportes públicos, call centers, back office, hospitais and so on, os horários podem ir muito para além das 22 com rotações loucas de turnos.

Woman Once a Bird disse...

Exactamente porque vai muito para além das 22 horas é que me parece pouco plausível que procure colmatar uma necessidade dos turnos nocturnos.

Anónimo disse...

Ai que horror!! Tu não queres filhinhos!! e os trigémeos?

Agora a sério: conheço mulheres que tiraram o útero e nem por isso são menos mulheres.
Eu não escolhi ser mulher, mas posso escolher ser ou não mãe.

Eu, por acaso, não me importaria de adoptar uma criança.
"Parir é dor, criar é amor" já diziam as gentes mais remotas.

Anónimo disse...

É muito fácil conceber um filho com o amor que une um homem e uma mulher. Mas, às vezes, esse mesmo amor vai com veio, ou seja, rápido! e, depois, lá fica o "fruto" entregues a instituições! É triste, mas é a pura realidade!

A segunda parte é interessante, mas eu estou sem "vagar" para comentar :)) entra política e eu... Ai que nervos!!

Anónimo disse...

correcção: entregue

Anónimo disse...

Ora, eu pensei que era para levar a sério.
Pareceu-me estarem em questão vários assuntos bastante sérios:

1. A maternidade enquanto condição necessária, ou não, à realização da mulher (enquanto mulher).

2. A maternidade e a paternidade enquanto possibilitadoras do desenvolvimento pessoal, social...dum ser.

3. A diferença entre a educabilidade do ser humano e a domesticação (capacidade de aprender por condicionamento) do animal (propriamente dito)

4. O ideal de progresso como crescimento económico (e tecnológico) enquanto ideal supremo da felicidade humana, nas sociedades ocidentalizadas.

5. A demissão da família na educação das crianças, porque a família se reestruturou (?) de diversas formas na sociedade contemporânea. Situação enquadrada pelos valores que a regem.

6. O prolongamento dos horários nas instituições escolares, para que os pais possam cumprir as consequências que advêm do ponto 4.

7. Uma alternativa educativa ao completo falhanço do descrito em 4.

Etc...pois, levei a sério. A seriedade que lhe é inerente.

E fico sempre com dúvidas:

a) Não percebo a razão pela qual, as mulheres a quem foi retirado por via cirúrgica o útero e/ou as mamas, por motivos de doença, necessitam de apoio psicológico e/ou psiquiátrico, para fazer face a essa situação. Não percebo, dado o desenvolvimento da discussão.

b) Efectivamente, não escolhi ser mulher, mas posso escolher ser mãe. Serei uma mulher que não foi mãe, ou uma mulher que foi mãe, consoante a minha circunstância de vida.
Obviamente que saberei discutir a maternidade e a paternidade independentemente de uma ou outra escolha. Se assim não for, não estarei a discutir coisa alguma. Uma discussão pessoalizada é, como sabemos, uma pseudo-discussão, ainda que, a observação que fazemos das «coisas» seja sempre pautada pela pessoa que somos.

c) A concepção do acto de parir como dor, remete-me para uma tradição judaico-cristã. Parir, comer,dormir..... e até fo***, são actos simultaneamente biológicos e culturais. Basta observar as diferentes concepções ao longo da história da humanidade e suas diversidades culturais.

E surgiu-me, não sei bem porquê, outra questão: por que razão não desejaria Salazar que as professoras casassem, nem fossem mães?*

* vou investigar. Se for interessante partilho.

E, ainda sem saber porquê, lembrei-me do jovem Hegel e do que pensava sobre essa coisa do amor e dos filhos. O jovem Hegel, porque depois o senhor cresceu, como sabemos.

Woman Once a Bird disse...

O parto com dor não é nenhuma concepção teórica; a mulher sente na carne essa suposta concepção judaico-cristã (a noção subjacente de pecado original do “nosso amigo” que dizem ser santo é outra questão completamente diferente). Também é verdade que, nos dias que correm, esse sentir na carne tem sido suavizado. Ainda assim originariamente, um parto não será propriamente um passeio no parque. Já para não referir o período de gestação…
Uma mulher que escolha não ser Mãe não será menos mulher que outra que opte por ser. O facto de ter um aparelho reprodutor não significa que tal seja uma inevitabilidade.
A maternidade (e a paternidade) resultam, efectivamente, de uma combinação biológica e cultural. Mas também sabemos que a nossa dimensão social e cultural permite-nos a escolha. Repito, não será por estar dotado de um aparelho reprodutor que o ser humano será um bom Pai ou uma boa Mãe. Conceber um filho não basta; aliás, dar à luz um filho é bem mais fácil do que efectivamente educá-lo e estar, incondicionalmente, para ele. E é aqui que a porca torce o rabo. Esse relógio biológico maravilha em alguns casos, consoante o contexto cultural, termina por aqui. Conforme a organização social, temos casos de tribos africanas em que o papel materno se esgota nesse acto: ter a criança. Portanto, os lirismos subjacentes à noção são decorrentes do contexto sócio-cultural e da história pessoal. São conhecidos os casos de Mães e Pais abandonam as suas crianças. O relógio não passou disso: de biológico, de um engano. A inevitabilidade tornou-se um fardo. Por outro lado, uma mulher ou um homem que biologicamente nunca tiveram um filho (por inúmeros factores), são capazes de amar uma criança incondicionalmente. E é desta questão que precisamente falo: uma mulher ou um homem não têm necessariamente que ser Pais, como sê-lo pode revestir-se de uma importância vital para eles. É desta escolha que falo, que em nada menoriza o ser humano que opta ou não por ter filhos. Um filho não pode ser apenas uma consequência inevitável da condição dos seus pais. E como tal, não podem ser uma realização do que os pais não foram, ou uma mera convenção social. Optar pela maternidade ou paternidade deve ser um acto consciente e de dádiva, na certeza do dever da dádiva sem esperança de retribuição. Deverá ser, acima de tudo, um acto de desinteresse.

PS: A referência às mulheres que necessitam de aconselhamento psicológico pela perda do útero ou do peito, também aqui não estamos perante uma inevitabilidade. Caso a caso, temos mulheres que se sentem efectivamente perturbadas pelo facto, outras não. Obviamente, a perda do peito é, na maioria das vezes, traumático, mas por razões muitas vezes alheias à questão da maternidade; uma mulher que perca a locomoção, um braço ou uma perna, poderá ficar igualmente perturbada.

Anónimo disse...

«O parto com dor não é nenhuma concepção teórica; a mulher sente na carne essa suposta concepção judaico-cristã (a noção subjacente de pecado original do “nosso amigo” que dizem ser santo é outra questão completamente diferente).»

O parto concebido como dor tem (é) uma concepção teórica.
Digo-te eu que já pari por todas as formas possíveis e gosto de ler a Bíblia:

. parto vaginal, dito natural
. parto com auxílio de fórceps
. parto por cesariana

Obviamente que não necessito que me expliquem a necessidade de dilatação do colo do útero para parir!

«parirás em dor» basta ir ao texto bíblico.

Um parto sem dor é possível, mesmo sem o auxílio de medicação e já foi (está sendo) experimentado por muitas mulheres.


Pecado original?

«Também é verdade que, nos dias que correm, esse sentir na carne tem sido suavizado. Ainda assim originariamente, um parto não será propriamente um passeio no parque.»

Isso depende da parturiente e das circunstâncias que estão envolvendo o parto.
Há passeios bem mais perigosos, assaltam e violam as pessoas, por vezes.

«Já para não referir o período de gestação…»

Com calor é uma treta do caraças. As pernas incham, fica-se gorda que se farta e «emana-se uma luz»
especial. Impar. Quiçá orgásmica.

«Uma mulher que escolha não ser Mãe não será menos mulher que outra que opte por ser. O facto de ter um aparelho reprodutor não significa que tal seja uma inevitabilidade.
A maternidade (e a paternidade) resultam, efectivamente, de uma combinação biológica e cultural.»


Óbvio!!

«Mas também sabemos que a nossa dimensão social e cultural permite-nos a escolha.»


Óvio!! Uma escolha condicionada. A escolha humana não existe em abstracto.

«Repito, não será por estar dotado de um aparelho reprodutor que o ser humano será um bom Pai ou uma boa Mãe.»


Absolutamente óbvio!


«Conceber um filho não basta; aliás, dar à luz um filho é bem mais fácil do que efectivamente educá-lo e estar, incondicionalmente, para ele. E é aqui que a porca torce o rabo.»

Discutimos as condições de ocorrência gestacionais, a maternidade, a paternidade, a educação, o quê?

«Esse relógio biológico maravilha em alguns casos, consoante o contexto cultural, termina por aqui. Conforme a organização social, temos casos de tribos africanas em que o papel materno se esgota nesse acto: ter a criança. Portanto, os lirismos subjacentes à noção são decorrentes do contexto sócio-cultural e da história pessoal.»

Relógio biológico?
Sinceramente não compreendo esse conceito. É mais do que óbvio que não é pelo facto de ter um útero, trompas de falópio e ser menstruada mensalmente [uma chatice, por sinal] que tenho ad natura condições para ser mãe. Isso já tinha dito logo no primeiro comentário.

«São conhecidos os casos de Mães e Pais abandonam as suas crianças. O relógio não passou disso: de biológico, de um engano. A inevitabilidade tornou-se um fardo. Por outro lado, uma mulher ou um homem que biologicamente nunca tiveram um filho (por inúmeros factores), são capazes de amar uma criança incondicionalmente. E é desta questão que precisamente falo: uma mulher ou um homem não têm necessariamente que ser Pais, como sê-lo pode revestir-se de uma importância vital para eles. É desta escolha que falo, que em nada menoriza o ser humano que opta ou não por ter filhos. Um filho não pode ser apenas uma consequência inevitável da condição dos seus pais. E como tal, não podem ser uma realização do que os pais não foram, ou uma mera convenção social.»


Woman, nada de novo acrescentas à discussão. Isso são «coisas», desculpa a repetição, óbvias. Toda a gente sabe isso. Estão nos livros de Psicologia e Sociologia e afins.

«Optar pela maternidade ou paternidade deve ser um acto consciente e de dádiva, na certeza do dever da dádiva sem esperança de retribuição. Deverá ser, acima de tudo, um acto de desinteresse.»

ora pois aí está o que eu disse, por outras palavras. E?

«PS: A referência às mulheres que necessitam de aconselhamento psicológico pela perda do útero ou do peito, também aqui não estamos perante uma inevitabilidade.»

Estás enganada! Redondamente enganada! Absolutamente!
Consulta os estudos, as organizações e afins e logo verás.
Não é a mesma coisa perder o útero e perder o dedo ou a perna, tal como não é a mesma coisa ser impotente (para um homem) e ter-lhe sido amputado a perna.

«Caso a caso, temos mulheres que se sentem efectivamente perturbadas pelo facto, outras não. Obviamente, a perda do peito é, na maioria das vezes, traumático, mas por razões muitas vezes alheias à questão da maternidade; uma mulher que perca a locomoção, um braço ou uma perna, poderá ficar igualmente perturbada.»

Não «apanhaste». Pois que não o disse em relação à maternidade, mas à sua identidade de mulher (com o devido peso cultural, óbvio).
Repito: não é a mesma coisa.Evidente, que a perturbação, disto ou daquilo, da dor também, é, a um tempo, subjectiva e cultural. A dor ou outra perturbação qualquer, não é sentida e pensada da mesma forma por cada um dos sujeitos; a não ser que os gajos do instituto da dor e respectivos investigadores sejam uns palermas que andam a desperdicar o seu tempo. A minha dor de dentes é distinta da tua dor de dentes.

Woman Once a Bird disse...

Porventura alguém acrescentou algo de novo à discussão? Não pretendo prolongar o assunto. Cansei.

Anónimo disse...

Alhos e bugalhos:
Então tu queres é educar gatos, WOB?
Fala-me dessa tua experiência : )) é que eu também tenho uma gata e um cão.

Anónimo disse...

Sim!
Eu acrescentei ao teu post, desde o primeiro comentário, alguns tópicos para discussão, ainda que, não tenham sido discutidos.


Nada melhor que um terminus de poesia:


«Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.

Eira de milho
luar de Agosto
QUEM FAZ UM FILHO
FÁ-LO POR GOSTO.

É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha água e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.

É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.

Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.

Olhos de amêndoa
cisterna escura
onde se alpendra
a desventura.

Moira escondida
moira encantada
lenda perdida
lenda encontrada.

Oh minha terra
minha aventura
casca de noz
desamparada.

Oh minha terra
minha lonjura
por mim perdida
por mim achada.»

Desfolhada
ARY DOS SANTOS