A humidade e o calor pesavam-me na alma.
Com os olhos presos num ponto indefinido, estava looooooonge, looooooooooonge… muito loooooooooooonge… Ai que prazer…
Entretanto, alguém com um sorriso muito airoso, vaporoso e ruidoso interrompeu-me:
- Ah! Encontrei-a! Aleluia, tive mesmo que perguntar a uma funcionária onde estava uma senhora… Desculpe, como é mesmo o seu nome? Não me recordo do seu nome! Perguntei, então, por uma senhora professora pequenininha, moreninha e, pelo falar, é continental. Só assim é que consegui encontrá-la!
Eu, claro, lá consegui disfarçar o quanto estava incomodada.
Enquanto fazia o trabalho que me levava a estar ali, pensava: “ Eu não sou nada “pequenininha”, tenho 1.68 de altura! Zsou morena, admito! Agora com pronúnzcia?! EU NÃO TENHO PRONÚNZZCIA!
Azcho que a zsenhora anda a enxergar e a ouvir mal. Pode zser da idade!!! Eu, por ezxemplo, szou mais nova e já tenho problemaszz de audição!”
Há situações na minha vida que me fazem lembrar a pintura de Magritte. Por um lado, sou aquilo que eu julgo ser, por outro lado, sou o que os outros julgam que eu seja. Sinceramente, não sei qual é o lado mais verdadeiro, mas eu nem sempre concordo com a imagem que os outros fazem ou têm de mim.
5 comentários:
Nem uma nem outra. Parece-me que estamos sempre a meio caminho.
Quanto ao 1,68, realmente, não se pode dizer que sejas alta.
Na verdade, comparativamente com a minha altura (que aqui não digo por mero pudor), és surpreendentemente baixa.
; ))
Até o 1, 68 é relativo ou subjectivo, como queiras. Há quem tenha a mesma altura ou até menos, e, no entanto, é mais alto, muito mais alto.
...ou mais baixo também : ))
As pessoas nem sempre vêem com olhos de ver. Na maior parte das vezes, olham para o superficial e julgam consoante as suas ideias disto ou daquilo.
Mas não, 1,68m não é ser baixo... Pelo menos não me considero baixa... Mas isso é sempre relativo.
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