terça-feira, 15 de maio de 2007
mas eu mal estava ouvindo
(...)
Falava da justiça e da luta para haver justiça
E dos operários que sofrem,
E do trabalho constante, e dos que têm fome,
E dos ricos, que só têm costas para isso.
E, olhado para mim, viu-me lágrimas nos olhos
E sorriu com agrado, julgando que eu sentia
O ódio que ele sentia, e a compaixão
Que ele dizia que sentia.
(Mas eu mal o estava ouvindo.
Que me importam a mim os homens
E o que sofrem ou supõem que sofrem?
Sejam como eu - não sofrerão.
Todo o mal do mundo vem de nos importarmos uns com os outros)
Quer para o bem, quer para o mal.
A nossa alma e o céu e a terra bastam-nos.
Querer mais é perder isto, e ser infeliz.)
(...)
(Louvado seja Deus que não sou bom,
E tenho o egoísmo natural das flores
E dos rios que seguem o seu caminho
Preocupados sem o saber (....)
E o homem calara-se, olhando o poente.
Mas que tem o poente quem odeia e ama?
Alberto Caeiro
Abuso da palavra da responsabilidade de
Anónimo
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3 comentários:
Mas quem é que mal ouviste? Estou curiosa. Se quiseres, resposta para o mail... ou para o msn.
é só um poema e não uma mensagem! mas é verdade, eu às vezes ouço muito mal e tu sabes disso.
caeiro, sempre.
sei que é o "teu" poeta :)
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