Não é preciso fazer exame de psicologia! - Informou a criatura burocrática (que é dona da fábrica por algum tempo)...
Não precisamos de exame a psicologia! - repetiu veementemente.
O operário, frente ao seu posto de linha de montagem, ainda tentou contrariar:
Mas, Exa, isto não significa que não acredite na sua infinita sabedoria. Mas sabe, tenho aqui uma dúvida...
Operário não pensa, operário executa. E mal. A nossa linha de montagem é das piores. - setencia a criatura burocrática.
O operário ouve, mas a criatura burocrática teme que o microfone não tenha apanhado. E portanto, gesticula enquanto repete:
Operário não pensa, operário executa. Executa mal. A nossa linha de montagem está prejudicada pelo trabalho do operário.
O microfone pisca o olho à criatura burocrática. A criatura devolve a piscadela e sorri.
Mas o operário continua...
Mas, Exa, existem fábricas superiores que exigem o exame de psicologia para a prossecução da montagem do produto. E quanto a esses casos? É que o programa mudou, e só está previsto haver exame ao programa antigo...
Mas issso é óbvio, caro operário. - E ao afirmar o óbvio, a criatura burocrática suspira. - O produto realiza o exame a partir dos conteúdos do programa antigo.
Mas, Exa, os conteúdos são diferentes. Alguns conteúdos do programa antigo não existem no novo e vice-versa... Como vão fazer o exame de um programa que não lhes foi leccionado e ser bem sucedidos? - questiona ainda, o operário perplexo face ao absurdo.
Provavelmente, não vão ser bem sucedidos. Mas que importa? Como já sabemos, a culpa será sempre do operário. Todos sabemos que operário não pensa. Operário executa. E executa mal.
A criatura burocrática sorri e dirige-se à porta de saída da fábrica. O microfone corre atrás.
sábado, 20 de janeiro de 2007
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1 comentário:
Pobres dos que trabalham em fábricas destas.
Já tinhamos falado sobre isto, há uns tempos...
http://pequenoescrito.blogspot.com/2007/01/apologia-do-no-retorno.html
Os dados são mesmo viciosos
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