Quem já não se sentiu tentado a responder à publicidade brilhante da maioria das agências de viagem? Londres à distância de 90 euros, Paris por 80, Brasil a 300...
Ontem fui comprar um bilhete para Lisboa. Desengane-se quem julgue que o território nacional proporcione preços mais acessíveis. Ao colocar a mãozinha na porta de entrada da nossa companhia aérea, já sabia que deixaria gentilmente naqueles balcões cerca de 180 euros. 180 euros, por uma viagem de cerca de 90 minutos, em território nacional.
Julgava eu que seria atendida condignamente. Ao invés, três balcões em funcionamento para cerca de 30 clientes. Esperei (im)pacientemente mais de uma hora na fila. Os sofás de cabedal, elegantemente dispostos no espaço estavam vazios, já que o sistema de ticket's não estava em funcionamento. Assim, num espaço modernizado, com funcionárias impecavelmente vestidas, os clientes aguardam na tradicional fila de marcação de chegada. Em pé, portanto.
Chegada a minha vez, todo o processo é feito assepticamente. Tenho a sensação que a funcionária não chega a olhar directamente para mim; vai fazendo as perguntas de olhos fixos no pc, à espera que este lhe responda. Respondo eu e suponho que no seu universo relacional, ela julgue que é ele que lhe responde. Os olhos permanecem fixos no ecrã.
Só na altura em que se levanta para a efectuação do pagamento, tenho a vaga impressão que me olha; ou melhor, olha pelo menos para a mão que lhe estende o cartão multibanco. Cobra-me 196 euros e 50 cêntimos. Pergunto o motivo da discrepância entre a quantia inicial aquando da marcação do voo (180 euros) e a que pago agora. Aí tenho a certeza que me olha de frente e responde enfadada: Taxa de emissão de bilhete.
Saio com a certeza de que ando a sustentar gatunos. E ainda têm a distinta lata de afirmar que a linha de voos domésticos dá prejuízo... Só mesmo no bolso do cliente.
13 comentários:
Gostei da descrição. Possivelmente, consequências do novo fordismo que se instala no mercado de trabalho. Talvez para ela, a voz do PC seja a única que (realmente) ela ouve. Ou a mais importante. E que no meio daquilo tudo @s clientes assumam simplesmente uma forma única que não merece mais do que a que a obrigam. Talvez, não sei. Quanto ao resto, resumo com um: Cá te espero! :) :) :)
E se te disser que tenho que pagar 250€ para voltar à terra natal e que C tem que pagar 365€? E se te disser, ainda, que ontem recebi uma chamada e alertar para a necessidade da emissão do bilhete, uma vez que a TAP irá aumentar os bilhetes em 10€, devido ao aumento do petróleo (o que é mentira, uma vez que a TAP assume contratos bianuais com empresas fornecedoras de combustível.)? E se te disser que quando outras empresas tentaram competir nas linhas de tráfego doméstico, a TAP, que durante anos e anos acusou este serviço público do seu passivo, reclamou, alegando que grande parte do seu lucro advinha deste alegado serviço? Far-nos-á concluir que estamos a ser roubados à força toda, não é?
Sancho, ser roubado é a sina de todos nós os que não podem - porque não têm condições para tal - roubar. Se o pudéssemos fazer fa-lo-íamos. Eu pelo menos não me retraía. É óbvio que me sinto indignado na exploração da minha condição por parte de abutres mercantilistas... mas só até, eventualmente, me tornar num deles.
Irritante esse atendimento. Mas arrotar com estrépito deve resultar para as fazer olhar.
Rps: ela só lanchou depois... eu que o diga.
P.S. mas não seria capaz de tais (des)propósitos ; ))
estou com a Dirim: cá te espero!!
:o)
agora percebo melhor: olhar crítico de sagitária :) ;)
Lisboa? Para (também) assistir a altos voos de bird power? ;)
Infelizmente não, Salomé. Mais um concerto que falho.
Feniana, olho tens tu, por perceberes que sou sagitariana.
Everything, obviamente não te safas. ;)
Mais importante que todos estes posts é, talvez, fazer o que, para mim já é hábito: escrever no livrinho de reclamações, sem peixeiradas à portuguesa, calmamente, deposito os meus dotes literários em reclamações afins. Normalmente o tempo de espera na fila ocupo-o a escrever o rascunho. è que esta vida ainda não dá para mp3 sofisticados para "passar o tempo", seja lá o que isso for...
Rolando Almeida
Pois, se estiver cá dentro, vá pra fora rapidamente. Saudações
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