Este é o meu desejo.
Desejo que a morte se visite no hospital; se sinta prostrada numa dessas camas.
Que não consiga comer e esteja cansada.
Que sinta as pernas a incharem, o corpo a esvair-se.
Que fique na pele e no osso, apenas os olhos; que não os consiga abrir, pelo cansaço.
Desejo que a morte sinta na pele a morte de outrém, que compre flores e se cubra de negro.
Que sofra por alguém. Que experimente a ausência, o corte. Quero que a morte sofra.
Que não diga adeus. Que não tenha tempo de dizer adeus. Que recuse até ao fim dizer adeus.
Desejo que a morte se ausente de si, que não estenda constantemente a mão à dor, como se de alívio se tratasse.
Que não apareça como benesse, como benção, com um golpe de alma, no corpo.
Quero que acompanhe o cortejo fúnebre de si mesma.
Título roubado a um excerto de John Donne, citado por Hemingway.
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
"E por isso não perguntes por quem os sinos dobram...”
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3 comentários:
mas a malvada da morte bateu-lhe à porta e levou-a de nós. Estou muito triste!Muito!
Estou sem palavras.... sabes como me aflijo com estas questões e embora praticamente não conhecesse a pessoa em causa, tenho pensado muito nela, como tudo se desenrolou e como foste Humana nestes dias em que fizeste questão de estar presente. Tenho pensado muito no assunto, como se de uma pessoa próxima a mim se tratasse, talvez porque sei como tens sofrido e assim sinto que partilho contigo a dor e que a alivio um pouco.
Amo-te muito: muito mais do que possas imaginar; fazes parte de quem sou muito mais do que eu própria consiga sentir...
vou recordá-la sempre. Até sempre amiga...
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