sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Maria de Lourdes Pintasilgo - 18 de janeiro de 1930

No programa do V Governo Constitucional (1979:2) pode ler-se:

«Apesar de balizado no tempo, o Governo não pode abstrair do seu dever nacional contribuir para um futuro de paz, de progresso e de liberdade para todos os portugueses, sem excepção.»

Maria de Lourdes Pintasilgo esteve à frente do V Governo Constitucional, em tempos extraordinariamente difíceis. Por isso é quase obsceno que Passos Coelho, ninguém (porque ninguém aconselhou os e as portuguesas a emigrar), se atreva a afirmar (para legitimar as medidas que tem tomado com o desacordo de todos os restantes sectores deste País) que Portugal atravessa o pior período desde 1974. É, de facto,um muito mau período, mas agravado pelas medidas que têm sido aplicadas e que não foram, de todo, sufragadas. A citação extraída do programa do V Governo Constitucional não poderia estar mais longe da realidade deste XIX Governo Constitucional (acrescentar a palavra Constitucional a este governo é cada vez mais um abuso).

Volto a Maria de Lourdes Pintasilgo, que faria hoje 83 anos. Importa recordar a sua linha de pensamento que é, na minha ótica, cada vez  mais necessária e atual:
«Uma ética do cuidado pode dar um novo ponto de partida ao papel do Estado em relação às verdadeiras prioridades políticas de sociedades em que a pessoa humana deve ser o centro e o fim último de toda a decisão política. 
Não bastará então acrescentar piedosamente à democracia política a democracia social, económica e cultural. 
Haverá sim que construir a democracia simultaneamente sobre a justiça e sobre o cuidado, sobre os direitos e sobre as responsabilidades».
Maria de Lourdes Pintasilgo, (2012). Para um novo paradigma: um mundo assente no cuidado. 
Porto: Edições Afrontamento, pp. 138-139.

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