segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Boa Semana





Semana(s) cheias de palavras de pecado. O discurso médico do século XVIII a garantir que a masturbação era fonte de «palpitações, perda de vista, dores de cabeça, vertigens, convulsões como no caso dos epiléticos e até frequentemente a autêntica epilepsia; dores espalhadas pelos membros ou fixadas na nuca, na espinha dorsal, no peito, no ventre; grande fraqueza nos rins e, às vezes, um entorpecimento quase geral». 
Não muito longe deste andam alguns personagens do cenário político estadounidense, os quais garantem que os corpos das mulheres conseguem feitos extraordinários apenas, eventualmente, previstos por estes médicos ou, antes deles, pela santa igreja que dominou/a a Europa. Ainda nesta linha de raciocínio, de lembrar este caso e perceber qual a relação com isto. Aparentemente, nenhuma. I.e. que relação pode haver entre a condenação de uma mulher vítima de gang-rape em 200 chicotadas (o homem que estava com ela - que também foi raptado e violado - recebeu 90 chicotadas - pela acusação de estar com uma mulher que não era sua familiar em privado - leia-se: no carro) e uma mulher republicana que fez uma proposta de lei no Arizona na qual defende que as entidades patronais têm o direito de escolher quem trabalha nas suas empresas, com base nas suas convicções religiosas, i.e., se acreditar que as mulheres não devem tomar a pílula, e elas a usarem (e não tiverem uma declaração médica a comprovar que o seu uso é para controlo de acne, p.e.) para efeitos de contracepção (sei lá, o uso para o qual foi inventado) podem despedi-las. Nem uma palavra acerca do uso do preservativo para os homens.. ou a vasectomia. Obviamente, que, por trás das convicções religiosas (em ambos os casos) esconde-se um enorme desprezo e ódio pelas mulheres. As palavras do ministro saudita para justificar o castigo aplicado: total concordância com «o livro de deus e os ensinamentos do profeta maomé» servem perfeitamente para a situação anterior: basta mudar o nome do profeta.

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