terça-feira, 1 de maio de 2012

Brevemente, numa rua perto de si

Um dia hão-de tirar-nos tudo.


8 horas de trabalho
8 horas de lazer
8 horas de descanso

Parece simples, não é? Mas ainda há bem pouco tempo isto estava em discussão. Mais, ainda se ouvem vozes de instrumentad@s que acreditam mesmo que a produtividade reside no número de horas que se trabalha. E que defendem que @s portugues@s não querem trabalhar: têm um gene da preguiça muito desenvolvido. Esta gente fica aborrecida que haja gente que goste de ser paga quando trabalha. É uma chatice, concordamos.
Mas claro, isto não é nada. A meia hora pode ter caído, mas vigoram bancos individuais de horas. E isto não é nada. O caminho na destruição dos direitos conquistados na segunda metade da década de 70 está agora a ser percorrido em alta velocidade. Em certos setores do mercado de trabalho as pessoas - ou colaboradores na novilíngua - não passam de matéria prima - permanentemente em saldos.
E, parece-me, ainda não vimos nada. Esta semana, dizia-me uma amiga: «estou mesmo a ver que para o ano que vem só recebemos 11 meses. As pessoas acham tudo normal». Demorei alguns segundos a perceber que ela estava a sugerir que chegará o dia em que os contratos de trabalho não contemplarão o pagamento do mês de férias. Não, não é o subsídio, é o mês de férias. Sim, esse dia chegará, concordei. E nada se dirá. Haverá sempre aquel@s que dirão que faz todo o sentido: que se não se está a trabalhar, logo não se deve receber. E o governo dirá que temos que endireitar as contas públicas. Que não podemos viver acima das nossas possibilidades. E continuaremos a ler que @s portugues@s se habituaram a viver que nem alemães. Não, que nem alemães não, que esses são poupadinhos. Que nem gente do sultanato do Brunei! Como se em Portugal houvesse petróleo! Carro? Onde já se viu? Desde quando pobres têm carro? Metro com mais de 3 carruagens? Mas quem julgam que sois? Julgais por acaso que tendes sangue azul para exigir transportes públicos com o mínimo de condições de dignididade? Casa? Mas desde quando pobre tem casa?

Leio que o governo prevê poupar 250 milhões nas prestações sociais... mas como, pergunto-me, se o desemprego não pára de aumentar? Ah... através do «reforço das regras restritivas de acesso às várias prestações sociais, nomeadamente, o abono de família e o rendimento social de inserção.» percebo. Infelizmente, percebo o que Gaspar quer dizer: «quando aumentamos impostos, para protegermos os menos favorecidos e os mais vulneráveis». Como bem assinalaram os Ladrões, segundo a visão de Gaspar, estes são os mais vulneráveis.
Ouço Passos Coelho, na TSF, a dizer aos/às trabalhador@s que 'não vale a pena fazer greves e manifestações'. As celebrações deste dia começaram após um massacre, não foi?

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