quinta-feira, 14 de abril de 2011

Girls&Boys

Por força das minhas obrigações enquanto tia-madrinha, sou frequentadora assídua de lojas para crianças; desde roupas a brinquedos, tudo vale; tornei-me uma sôfrega consumidora destes produtos miniatura aos quais não resisto, principalmente em vésperas de viagem.
Não tenho grande memória em relação a este universo comercial. Quando criança, não tinha as devidas competências desenvolvidas para analisar o mercado; queria e pronto, sem qualquer preocupação pedagógica (cruzes credo), económica (que é isso?) ou estética (os suspiros por uma barbie ainda hoje constituem irremediável vergonha). 
A transição para a maioridade (mental) pautou-se pelo completo desinteresse por este universo. Durante anos passei incólume por tais catedrais, sem arfar ou salivar perante qualquer item que me fizesse lembrar uma miniatura de gente. Até ao nascimento de L., foi universo do qual me mantive confortavelmente arredada. Portanto, podemos falar de um tempo a.L e d.L. 
A época d.L. não tem sido de todo má; confesso que me divirto à procura do brinquedo com mais piada, ou do sapato mais irreverente. Mas invariavelmente, estas minhas incursões são pautadas pela mais pura incompreensão e categórico desprezo por parte de quem me atende. Primeiro, porque rezingo imenso com a dicotomia patente em quase todas as lojas de crianças (refiro-me à faixa etária até aos 2 anos). Desconhece-se praticamente as cores; apenas o azul e o rosa imperam e é tarefa hercúlea encontrar qualquer outra cor para além destas duas. Procura-se até ao enjoo e só depois de muito chafurdar é que se encontram itens que escapem ao padrão. No que diz respeito aos brinquedos, é impressionante a profusão de cozinhas e kits de limpeza que infesta as prateleiras: para as meninas, claro, que para os meninos temos os berbequins fictícios, as estações de carros, garagens e afins. Na hora de embrulhar, a pergunta da praxe, é pr'a menina ou p'ra menino e o invariável sobrolho perante o meu (nosso, quando estás comigo) "não interessa". É dificil decidir qual a cor do balão ou do chupa-chupa que rematará o embrulho com clientes tão difíceis que se recusam a esta informação simples, mas eficaz.
Tudo isto porque quero recomendar a interessante experiência aqui explicada, sobre estereótipos, construções e afins. 




E não me venham dizer que nascemos homens ou mulheres...

1 comentário:

Táxi Pluvioso disse...

Pelos vistos nascemos mas é no lado errado, anda tudo a querer mudar de sexo. (Não deixa de ter certa graça estas modernas modas psicológicas que não vê diferenças, enfim modas). bom domingo