terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Galardão Natalício: a solidariedade em todo o seu esplendor


As crianças andam doidas, completamente apaixonadas por essa figura que surge sempre por esta altura do ano, muito cor-de-rosa, bamboleante, cada vez mais Lolita, embaixadora da caridade natalícia. Minto; as crianças dividem-se, entre uma paixão assolapada pela Popota, essa hipopótama cada vez menos hipo e uma paixão mais comedida, mas ainda assim intensa, pela Leopoldina, uma avestruz pensada para fazer com que os/as portugueses/as enfiem a cabeça na areia. Ambas sérias candidatas a beneméritas, senão da humanidade, pelo menos de Portugal, apregoam as fabulosas doações do seu patrão para causas sociais. São assalariadas, as bichinhas, e trabalham intensamente por esta altura, numa exortação pungente aos esvaziamento dos bolsos dos/das portugueses/as. 
Este ano (não sei se acontecia também o ano passado) a instituição de solidariedade social que é a Sonae continua a sua demanda de fazer caridade com o dinheiro que é dos outros; e propõe, para além de todas as quinquilharias usuais, um telemóvel da Popota, pela módica quantia de 59 euros. As crianças deliram, os pais um bocadinho menos, mas a verdade é que estas coisas vendem e fazem com que as pessoas passem um Natal mais apaziguado, na ilusão de que fizeram a sua parte. Esquecem o mais importante: ano após ano, a Sonae apregoa uma solidariedade que não é a sua: paga o/a cliente para que, com toda a pompa e circunstância, se apresentem cheques caridosos a instituições, num festival de exibicionismo atroz. Todos sorriem, inclusive o consumidor, o único que nada ganha com tudo isto. A solidariedade não é para todos/as. E principalmente, só dá lucros a alguns.

1 comentário:

Ceridwen disse...

Pois é, coitadinha da Sonae, a qual, como todos sabemos tem tão boas práticas ao nível empresarial... que o digam @s empregad@s (ou serão colaborador@s?) e @s fornecedor@s....