quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Caminhar sobre as águas


Sob um sol tardio, conversamos sobre a nossa cidade. Do que foi - essencialmente das memórias de meninice - e do que é. Relembro que naquele exacto espaço, há muito tempo, frequentava com a minha Mãe uma oficina de automóveis, igual a tantas outras naquele espaço. Agora não. Limpou-se a zona, engalanou-se o espaço em que o sol é convidado a entrar e desafiar a cor amarelo ocre do Museu que orgulhosamente enfrenta o mar e que encerra a rua.
Elejo espaços de eleição (vide este outro) de quando em vez e, se calhar por neste ter testemunhado uma trilogia perfeita - um magnífico pôr-do-sol, uma Razão maliciosamente empacotada (ah, como gostava de enviar alguns pacotes a DM) e um Morpheu que me inspirou um fim de semana em Setembro - também passou a ser, de certo modo, um outro espaço que transcende a Ilha e a lança para fora do mundo. E estas visitas esporádicas têm a graça de me suspender e projectar no mar. Preciso crer nestes espaços, cada vez mais. Para que a Ilha não se torne irrespirável.

(fotografia de Lucia Alderighi Stringi roubada aqui)

Sem comentários: