terça-feira, 30 de maio de 2006

Livro das horas (aparentemente) sossegadas



Ler Virgínia Woolf é para mim um assombro! Os pensamentos tomam formas...
Gradualmente, todo o ser imerge num tempo sem ontem nem amanhã... e através dum trajecto introspectivo consegue-se desvelar imagens e "sentires" que sempre fizeram parte nosso próprio ser! Esta escritora conseguiu moldar o invisível!
Sabendo que eu gosto de Virgínia Woolf, mas que nem sempre tenho tempo para ler prosas extensas, um ente amigo e querido ofereceu-me Os Contos. O livro contém partes das obras mais conhecidas. Julgo que foi uma prenda de Natal. Adorei. Elegi-o como meu confidente e permaneceu na minha mesa-de-cabeceira durante algum tempo. Foi o livro das horas aparentemente sossegadas.
Por vezes, devido a muitas situações em que nos deparamos nesta passagem pela vida, o espelho-meu- espelho-meu- diz-me- quem –sou-eu confunde-nos, ou melhor, ofusca
-se ainda mais! A nitidez (improvável) é a imunidade ou o equilíbrio da existência.
Surge então uma reflexão, no referido livro, com a qual me identifiquei muito! E quem dera a mim ter escrito: "O que eu quero é poder apanhar uma sequência de pensamentos agradáveis, uma sucessão que possa reflectir indirectamente a minha própria capacidade, porque há pensamentos agradáveis, até muitas vezes no espírito cor de rato das pessoas que menos gostam de ser elogiadas. Não são os pensamentos que nos lisonjeiam directamente; mas são eles próprios que estão cheios de beleza(...)
A todo o momento vou construindo uma imagem de mim própria, apaixonadamente furtiva que não posso adorar directamente, porque se o fizesse, cairia imediatamente em mim e deitaria a mão a um livro num gesto de auto-defesa. É curioso, com efeito, como uma pessoa protege a sua própria imagem de toda idolatria ou qualquer outro sentimento que a possa tornar ridícula ou demasiado diferente do original para ser verosímil."
Virgínia Woolf
Não refiro o nome do autor da pintura porque não consegui saber... peço desculpas


5 comentários:

Anónimo disse...

Tocou-me. Não gostaria de a comentar como Gaia. Se deixares, comento olhando, efectivamente, para ti. Pode ser?
Beijos
Volta que já estás boa.

dama disse...

São óptimos estes contos, experimentais, no fio.

Anónimo disse...

Fantástico!
bjs

Woman Once a Bird disse...

Maravilhosa Virgínia, ladeada pela sempre lírica Nefertiti. ;)
A Beira abandona-te à leitura. Estás bem entregue.

Anónimo disse...

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