terça-feira, 31 de março de 2009

Prazer com culpa

Em véspera de colóquio sobre Clarice (a que amargamente falto), continuo a leitura escandalosamente culpada da sua correspondência. Não que a leitura de um romance, ou de um livro de contos, ou de poesia não seja também ela endereçada, mas aí o autor autorizou-nos a participar no jogo. De cada vez que pego em Correspondências - Clarice Lispector, sinto que invado o seu universo mais íntimo e procuro penitenciar-me à boa maneira cristã: pecar na certeza que, aquando do pedido de perdão, ser-me-á devolvido o dom de leitora (quase) sem mácula.
Hoje, o meu pecado tornar-se-á maior: tenho refreado a minha vontade de trazer até aqui as cartas endereçadas de Clarice a outrém que não o leitor anónimo - que não eu (a inveja do início das cartas, das despedidas afectuosas) - mas o meu pudor começa a ceder e inicio o desvelamento pecaminoso:


Pedrinho continua com as leituras dele. Ontem de manhã Avany chamou-o para arrumar os brinquedos e ele disse que não queria. Ela disse: Muito engraçado, você brinca com os brinquedos, e eu que arrume, não é? Então ele respondeu muito pausado: "For men must work and women must weep". Me surpreendi muito, não somente porque soou claramente como citação (por causa do tom pausado), como pela forma claramente literária da frase (a tradução é: pois homens têm que trabalhar e mulheres têm que chorar - mas se a frase fosse trivial não seria usado o for e sim because) - como me surpreendi pelo facto da frase ser citada com um "a propósito" tão perfeito. Perguntei a ele: quem te disse isso? (pensando que era qualquer coisa da bíblia aprendida talvez na escola). Ele disse muito negligente: eu li na enciclopédia. Eu perguntei: e como é a história? Ele: oh não é história, é poetry! Eu disse: você gosta de poesia? ele negligente: de algumas. Eu: como é que você explica essa frase? Ele meio chateado: oh mother, that's poetry!

(Fotografia roubada aqui)

Um caso sério (nova série, que perdi a conta)

Magnífico post em blog que muito aprecio.

domingo, 29 de março de 2009

sexta-feira, 27 de março de 2009

Era uma vez um País com quotas - divina tragédia em dois parágrafos

Fotografia de Helena Almeida
Era uma vez um País que tinha vários partidos políticos. Nos bons tempos desse País, quando se aproximavam as eleições, todos os partidos tratavam conscientemente de convidar elementos meritórios para constituir as suas listas. Os Partidos eram justos e naturalmente não existiam quaisquer dificuldades: as listas compunham-se facilmente, todos aceitavam o convite e todos sabiam que todos aqueles proponentes eram sérios, competentes e justos. Depois das eleições, todos os eleitos cumpriam exemplarmente os cargos para os quais haviam sido eleitos; não se registavam desistências e o mérito de todos era reconhecido por toda a gente. E o País era feliz.

Certo dia, entrou em vigor uma lei chamada lei da paridade, mas a que todos chamavam lei das quotas das mulheres. Essa lei maligna estabelecia que as listas deviam ser compostas por forma a assegurar a representação mínima de 33% de cada um dos sexos.Os justos e os bons não gostavam nada desta lei, até porque ela beneficiava uma minoria da população do País de cerca de 52%, um absurdo que iria desequilibrar a harmonia reinante até então. Mas a lei foi aprovada e chegou a altura de se formarem as listas às eleições; foi o caos. Pela primeira vez, houve imensa dificuldade em constituir as listas porque não havia número suficiente de pessoas da minoria que tinha que obrigatoriamente delas constar. Nunca tal se tinha visto. Pela primeira vez, houve o escândalo de haver a possibilidade de alguns nomes serem indicados sem os critérios que sempre haviam norteado as escolhas daquele País: a competência e o mérito. O País tremeu e os mais avisados e sabedores alertaram para a injustiça que aquela lei criara e para o risco de, pela primeira vez, os cargos governativos serem ocupados por pessoas incapazes. Em vão. Ninguém quis ouvir as vozes avisadas e o País entrou, pela primeira vez, em crise. E o País tornou-se injusto.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Santo Ofício

Afastai-vos bramindo
encarnação do pecado
cada uma de vós mulher do diabo

Mensageiras do negrume
traçando a bruma da noite
pela rasura do lume

Negando a Face Divina
escutando o demo e o inferno
e tropeçando na sina

Fazedoras da má sorte
desordenam e dominam

Chegam voando no mel
e depois insubordinam

Ímpias de âmbar! Maléficas!
requebros de virgindade
mas todas elas malignas

(...)

Endemoinhadas e sacrílegas
Impudicas, estame, lascivas
Fazedoras de feitiços

(...)

Precipitadas dos céus
Liliths que insubordinam
Vos arrenego anjos negros!

Sete palmos, sete penitências
em procissões recolhidas

Deslaçados nós de seda
cruzados no coração

No restolho deste chão
Entretecer pressentido.

Maria Teresa Horta, Poesia Reunida

Com muita "saudinha", a democracia portuguesa

Sintomático deste executivo, que os tiques desta senhora tenham sido denunciados há tanto tempo (o caso Charrua esteve aí) e o seu percurso continue. De funcionários exemplares (como esta), está o Ministério da Educação cheio. E se fosse só o da Educação...

quarta-feira, 25 de março de 2009

A abstinência (apenas) como intenção - ceia pascal de bloggers

Aproxima-se a passos largos a época pascal, com a usual exortação à abstinência, materializada na profusão de chocolates, amêndoas e doces típicos da época.
Um Blog que seja seu, Pérolas Intemporais e Marakoka, em conferência de emails de que agora vos dou conta, partilham a preocupação de que os bloggers da Região se possam perder nos meandros gulosos da doçaria típica da época e esqueçam a importância de uma refeição equilibrada.
Vai daí que propomos - Marakoka, Blue et moi - a realização de mais um jantar de bloggers, assim lá para o dia 3 de Abril (uma sexta-feira). Por enquanto ainda discutimos o facto de negociarmos pratos de carne ou peixe, pelo que ainda não podemos apontar local. A hora, será a do costume, pelas 20:00. Quem quiser participar, é só manifestar a intenção nas caixas de comentários de qualquer um dos três blogs - ou nos mails das proponentes.

Primeira epístola aos convivas


Caríssimos/as:
Após exaustiva discussão, já temos fumo branco a sair das caixas de email de Marakoka, Blue et Moi. Perante a viagem do Baby no dia para o qual estava primeiramente agendada a ceia pascal, concordamos que não poderíamos permitir a ausência de um dos principais dinamizadores da partilha do pão e do vinho (ai, o último vinho - suspiro meu e da Marakoka, que a Blue não lhe colocou os lábios). Assim, a ceia marcada para 3 de Abril, passa para dia 4 de Abril. Temos a concordância dos restantes?
E descansai, que não optaremos pelo pão ázimo.
Ide e espalhai a notícia.

Os Magalhães do Ministério da Educação são fantásticos!!!

Chegou a hora de alcançar os dados!
Os "Concursos dos Professores" é um bom exemplo da aplicação dos conhecimentos de informática e do bom funcionamento do sistema tão aclamado por este governo. Ora vejamos o que está a passar:
Primeiro: só se pode concorrer se se tiver um computador com internet (porreiro pá!);
Segundo: o centro de apoio (CAT) do Ministério da Educação dá literalmente música. Música clássica com um custo de 100 euros ( crédito telefónico ) e, muito muito no final, obtem-se uma informação mal amanhada: VÁ AO AVISO DE ABERTURA QUE ESTÁ LÁ TUDO BEM EXPLICADO (..que chatice... que melgas! querem saber mais do que nós);
- Depois de se anexar os cinco documentos como manda a lei e o aviso, o produto final é Submetido UM (SÓ!!!) documento!!!

Mais uma hora pendurada ao telefone e alguém diz-me que pode ser por causa da Ilha da Madeira... "tem a ver com a rede, sabe... ou, então o xp não procedeu bem a ligação. Mas não se preocupe temos a fase do aperfeiçoamento! Vá ao aviso de abertura, está lá tudo!

Ando há um mês empatada a reunir documentação para nada!

O perigo da má informação

A começar pelo título do editorial. Não existe a lei das quotas femininas. A lei veicula a paridade nas listas, sendo que a mesma se aplica se o inverso se verificar: uma lista exclusivamente feminina não cumpre a lei.
Com a leitura do editorial, mais do mesmo: apesar de conceder que as conquistas femininas foram quase todas a pulso graças aos interesses instalados, lá está, o bicho papão de que, a partir de agora, a incompetência ao invés do mérito. Pois.

terça-feira, 24 de março de 2009

Nem só de declarações infelizes se faz uma visita

E Bento XVI acabou por fazer alguns alertas fundamentais na sua visita a alguns países africanos: desde o puxão de orelhas em relação à corrupção até à valorização do papel da mulher - extremamente importante em países em que a condição da mulher é ainda mais frágil do que na Europa, nem tudo foram espinhos na visita Papal. Entrou com passada de elefante em loja de loiças, mas ainda assim, nem toda a loiça foi completamente partida.

De medidas do Ministério da Educação está ESTE inferno cheio

Uma vez mais, a excelência e rigor do ME. É uma solução transitória, diz o ilustre Secretário de Estado. Claro que é transitória. Não foi este o mesmo que anunciou que os concursos vão terminar? É uma medida tão transitória como o próprio concurso em si.

sábado, 21 de março de 2009

"amostra sem valor"

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.

António Gedeão

A abstinência (apenas) como intenção - ceia pascal de bloggers

Desconheço a autoria. Roubei-a aqui.

Aproxima-se a passos largos a época pascal, com a usual exortação à abstinência, materializada na profusão de chocolates, amêndoas e doces típicos da época.
Um Blog que seja seu, Pérolas Intemporais e Marakoka, em conferência de emails de que agora vos dou conta, partilham a preocupação de que os bloggers da Região se possam perder nos meandros gulosos da doçaria típica da época e esqueçam a importância de uma refeição equilibrada.
Vai daí que propomos - Marakoka, Blue et moi - a realização de mais um jantar de bloggers, assim lá para o dia 3 de Abril (uma sexta-feira). Por enquanto ainda discutimos o facto de negociarmos pratos de carne ou peixe, pelo que ainda não podemos apontar local. A hora, será a do costume, pelas 20:00. Quem quiser participar, é só manifestar a intenção nas caixas de comentários de qualquer um dos três blogs - ou nos mails das proponentes.

Na próxima semana pode ser que melhore

Ladislav Guderna
E que exercício melhor para uma sexta à noite, do que uma análise (amarga) da semana?
As aulas de Cidadania e Mundo Actual têm sido profícuas: há duas semanas, o Presidente da República era o Alberto João Jardim. Após esclarecimento quanto ao cargo exercido pelo Sr. Silva e perante a nova pergunta sobre quem seria o Primeiro Ministro, os alunos responderam, com alguma confiança (afinal, não era o Presidente), que o Primeiro Ministro é... Alberto João Jardim.

Esta semana, Paulo Portas foi, ao longo de uma aula de 90 minutos, Ministro da República para a RAM, ministro de um Ministério qualquer. A decepção de sabê-lo apenas líder de um Partido da oposição foi grande (o outro nome avançado foi o de Manuela Ferreira Leite, com igual decepção).
De qualquer modo, longe vão os tempos em que, à pergunta sobre a data da Fundação de Portugal a resposta era 1910 e que a Implantação da República aconteceu em 1822. Mas numa resposta são unânimes: a gente não sabemos porque a gente não se gosta de Política.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Mas está tudo doido?

Podemos começar a desconfiar que os altos dignatários do cristianismo sofrem de um surto virulento altamente contagioso que lhes tem roubado o discernimento: primeiro a excomunhão, depois a responsabilidade do preservativo pela disseminação do HIV , do lado católico. Agora, do lado anglicano aparece-nos um bispo nigeriano que dá largas à sua homofobia. Este dignatário da Igreja anglicana apela ao Parlamento do seu País à condenação dos casais homossexuais a 5 anos de prisão. Mas o piedoso senhor vai mais longe e estende a condenação aos possíveis convivas da boda (mesmo que simbólica). Argumenta que é uma "perversão, um desvio e uma aberração capaz de engendrar o holocausto moral e social." Quem se exprime com tanta veemência não é gago. Mas também não devia ser bispo.

Dos amores impossíveis*

Procurar por um "pensamento da semana" (rubrica dinamizada na escola pelo nosso grupo) e perder-me novamente pelos meandros de Derrida. Demorar-me, uma vez mais - (como pela) primeira vez - na escrita dele.
Leitora/traidora me confesso.

*Chiu, Funes.

quinta-feira, 19 de março de 2009

O começo do que nunca mais começa

Perante os últimos dislates vindos a público, urge repensar esta relação com uma Igreja que se apresenta plural, mas ainda hermeticamente fechada nos dogmas que engendrou ao longo dos tempos.
É possível ser repensada e reinventada? Se despojada do seu apego ao poder, poderá efectivamente encontrar um caminho mais próximo dos seus fiéis. A vertigem do controlo é grande; continuamente confrontada, no cimo do Vaticano, com a proposta "tudo isto será teu", tem cedido gulosamente ao poder prometido. O Concílio Vaticano II foi o início da recusa desse reino terreno. Agora, quarenta e poucos anos volvidos (coincidentemente com os 40 dias de Cristo no Deserto), retrocede e cede cada vez mais ao desejo de (re)querer tudo o que a vista (terrena) alcança.

"Foi contra a intenção de Jesus que a Igreja se constituiu enquanto nova sociedade composta por duas classes: hierarquia e povo, clero e leigos. Desde modo, estabeleceu-se aquele equívoco manifestado inclusivamente na linguagem corrente: sempre que alguém se refere à Igreja, entende-se a hierarquia e não o conjunto das discípulas e discípulos de Jesus. Isto é, tem-se em mente menos de um por cento da Igreja, ficam de fora mais de noventa e nove por cento.
(...).
É claro que toda a grande comunidade precisa de organização. O que na Igreja católica está em questão é se a presente constituição hierárquica é de instituição divina e, por isso, imutável. Ora, hoje, há consenso entre os especialistas em que Jesus não fundou nem quis fundar uma Igreja enquanto instituição. (...). Torna-se, pois, claro que, se Jesus não é o fundador da Igreja, embora seja o seu fundamento (...), muito menos a sua presente constituição hierárquica se pode reclamar de Jesus.
(...) A Igreja católica precisa de uma (...) constituição democrática para uma Igreja de discípulas e discípulos, sem duas classes, que ponha fim a uma das últimas monarquias absolutas do mundo, com respeito pelos direitos humanos, que consagre a igualdade de homens e mulheres, que termine com o celibato obrigatório, com uma nova atitude perante a sexualidade. Como poderá ser a Igreja católica, se se deixar orientar pelo Evangelho, por aquilo que Jesus anunciou e queria?"
Anselmo Borges, Religião: Opressão ou Libertação?

O último parágrafo é fundamental; é preciso uma Igreja que se reinvente e que consagre os princípios basilares. E ter em conta o segundo mandamento da "lei" de Deus.

quarta-feira, 18 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

Lullaby de Domingo fora d'horas

E tudo porque a netmadeira considera que não tem que garantir um serviço pelo qual pago mensalmente.
A lullaby desta terça feira com pretensões a Domingo é retirada do magnífico álbum Dark Was The Night, com gente conhecida e gente ainda por conhecer.
When The road Runs Out, Blonde Redhead

sábado, 14 de março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

A boca em chaga

Não toques nos objectos imediatos.
A harmonia queima.
Por mais leve que seja um bule ou uma chávena,
são loucos todos os objectos.
Uma jarra com um crisântemo transparente
tem um tremor oculto.
É terrível no escuro.
Mesmo o seu nome, só a medo o podes dizer.
A boca fica em chaga.

Herberto Helder

Dia Internacional da Mulher?

Que disparate! Tudo o que havia para conquistar já o foi. Já nos é possível falar de amor... E quanto à igualdade (de direitos e deveres) está devidamente consagrada e admitida por todos.

Adenda:
Quando escrevinhei que a igualdade está devidamente consagrada e admitida e remeti para um link sobre o caso da excomunhão da mulher que optou pelo aborto para a gravidez da sua filha de nove anos, obviamente que me referia à "lei" da instituição que permite que se considere um aborto nestas circunstâncias um holocausto, mas que a molestação desta criança de forma continuada é um pecado menor. Não coloquei em causa - e julguei que tal fosse claro - a legislação do Estado Português. Não tenho conhecimentos suficientes para o fazer.


Lembras-te?

Um enorme buraco.

Na adolescência passávamos lá as tardes. E as manhãs. Os primeiros cigarros fumados à mesa acompanhados por uma bica bem escura, bem adulta, atestava o que o BI não dizia: já éramos gente. Naquela altura, o nosso antro ao lado da escola, poiso de gente em falta: às aulas. A partir da soleira da porta manhosa, éramos todos maiores de dezasseis - e se não fossemos fingiamos ser.

Um horrível buraco.

Por ali, a partir daquela entrada que já não existe, acediamos à caverna, onde as bicas e os finos e o ambiente enevoado lembravam de certo modo a outra, sem que ainda dela tivéssemos conhecimento. Ali fizemos amigos/as e desfizemos outros/as, construímos amores e desamores, edificamos planos para o outro dia, para o ano seguinte, para os dez anos a contar a partir dali.
Projectamos um álbum da Ilha, para levar na bagagem quando partíssemos em busca ainda não sabíamos bem de quê. Juramos amizade eterna, rivalidades desmesuradas, amores infinitos. Poucos se mantiveram, a maior parte sombras, cópias das cópias.

Um lúgubre buraco.

Catorze anos a partir dali e já não existe. Já não existia há algum tempo, substituído por um sensaborão café de maçã e canela, como todos os sítios aborrecidamente saudáveis que vão substituíndo os espaços menos polidos. Mas hoje, nada. Nada jaz, a não ser a escavadora que domina o espaço onde aquele café manhoso existiu. É um pedaço de nós - mais um - que parte.

Um miserável buraco.

terça-feira, 10 de março de 2009

Aqui passamos alguns anos das nossas vidas. O convite é para regresso. O programa é interessante e convidam-nos a visitá-lo aqui.

domingo, 8 de março de 2009

UMAR Madeira: "As Mulheres da Nossa Região"

A sinalizar este dia, a UMAR Madeira lança uma proposta a todas/os/as madeirenses: um concurso de fotografia subordinado ao tema "As Mulheres da Nossa Região". Através de um movimento aparentemente contrário - a fotografia é por excelência a arte do instantâneo - propõe esse mesmo movimento como veículo de reflexão sobre as imagens multifacetadas das mulheres madeirenses.

O tema do concurso não é inocente; partiu-se do título da obra de Maria Lamas, As Mulheres do Meu País, obra que resultou das viagens desta célebre jornalista enquanto presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, e que retrata as mulheres portuguesas da primeira metade do século XX.

Regulamento e ficha de inscrição no blog da UMAR Madeira


Caro Funes, o senhor é um génio!

As músicas como "Babooshka" e "Nikita" são de um estilo muito "kitsch" , tal como eu considero este dia em que se festeja o "dia da mulher" com toda a pompa e circunstância... Enfim, há dias que não são dias.
Sr. Funes, vomite à vontade, a bílis agradece.
Obrigada por ter captado a mensagem.

Cumprimentos,
Nefertiti

Túlipas

"Eu não queria flores, apenas queria
estar deitada de mãos postas e ficar completamente vazia.
A liberdade que isso é, nem imaginam a liberdade -
O sossego é tão grande que inebria
(...)."

Sylvia Plath

"Babooshka"

Ainda não chegou o meu dia!

O dia que dizem ser da mulher, não me diz rigorosamente nada. Dir-me-ia se fosse num dia da semana e, logicamente, se fosse feriado! Ai, como o dia seria especial...
Agora assim... e logo num Domingo?! Nem dá gosto ser mulher!
Hoje não me venham com parabéns, porque neste momento preparo-me para ser um GATO!

Em dia que se celebram as conquistas sociais, económicas e políticas das mulheres, trazemos um discurso (da autoria de um dos nossos mais amados poetas) representativo das palavras (entre tantas outras que se continuaram a ouvir pelo mundo fora) contra as quais mulheres e homens humanistas e feministas levantaram a voz:

"(...) Assim, rejeitamos: a democracia, todas as formas de governo não-aristocrático, todas as fórmulas humanitárias, todas as fórmulas de desequilíbrio como, por exemplo, o imperialismo germânico ou a democracia aliada; rejeitamos o feminismo, porque pretende igualar a mulher ao homem e conceder à mulher direitos políticos e sociais, quando a mulher é um ser inferior apenas necessário à humanidade para o facto essencial mas biológico apenas da sua continuação; rejeitamos as ternuras anti-científicas, como o vegetarianismo, o anti-alcoolismo, o anti-vivisseccionismo, não admitindo direitos aos animais inferiores ao homem."

Excerto do Programa do Neo-Paganismo Português (1917), Fernando Pessoa.

Lullaby de Domingo


Em Dia Internacional da Mulher, Nina Simone com Images. Muito a propósito...

sábado, 7 de março de 2009

UMAR Madeira: "As Mulheres da Nossa Região"

A UMAR Madeira, no âmbito da comemoração do Dia Internacional da Mulher, promove um concurso de fotografia subordinado ao tema "As Mulheres da Nossa Região". Hoje, na FNAC, pelas 15 horas.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Não há apenas dias a preto e branco

Sento-me para mais uma sessão. Tenho medo, muito medo, de mais uma vez sentir que é/será tudo a vazio.
Um filme é lento, pelo menos para muitos. Não é suficientemente rápido como uma sms ou uma conversa online. Um filme - por vezes - precisa ser lentamente degustado. E o movimento é o de engolir sofregamente sem sentir-lhe qualquer travo.
A música do filme deu-me sono, gostei de ver um morto com olhos a tremer, olha uma anjinha fizeram-me um amargo regresso a casa no dia de ontem, de total desesperança para o dia de hoje.
Hoje, lentamente, recuperei-me. Por causa dos que quiseram bisar a experiência, porque quiseram comentar o que viram ontem à tarde, pelos comentários sussurrados ao longo deste último filme e que percebi que iam para além da Colisão. Algum toque, um leve roçar de pele. Por hoje, bastou-me.

domingo, 1 de março de 2009

O Congresso de Sócrates

Porque o que fica é a noção de que o Partido desaparece sob a sua sombra. Os múltiplos e comoventes encómios à figura do líder foram absolutamente risíveis. E não faltou a teoria da conspiração: a incubadora de Santana foi uma brincadeirinha de putos face às sextas feiras negras da TVI. Será possível levar esta gente a sério?

Oração seguida de resmunguice dominical

Deusa: fazei com que esta semana passe rapidamente, sem grandes percalços. Que tudo o que tem que ser feito seja efectivamente feito sem contratempos (de maior).

Raios! Como detesto prazos apertados. É por isto que detesto domingos; quando anunciam o começo de semanas complicadas, não me apetece fazer mais nada que não resmungar. Salva-me o Andrew Bird (ai repolho, repolho) que ainda me anima o humor com o violino.

Lullaby de Domingo


The Last Shadow Puppets, para desagrado dele. Mas apetece-me, depois de os ouvir no fim de semana. E gosto mesmo da voz do puto.