quarta-feira, 1 de novembro de 2006

Ainda sobre o vício dos dados...

A propósito dos rankings das melhores e piores escolas do País, que entretanto se mantém agarrado às calculadoras a calcular médias, percentagens e soluções de pacotilha... Comparamos escolas, como se não existissem variáveis que escapam ao controlo da estatística sobre o exame nacional. Esse é cego, não pondera o ambiente socio-cultural, nem o número de turmas que é avaliado em cada escola, nem tão pouco o número de alunos que se submete a exame. Digno também de riso, o item que compara o "desvio" entre classificação interna final com a média de exames. Até aqui tudo bem, não fosse o pormenor de um traduzir critérios completamente díspares em relação ao segundo. Temos uma legislação que postula uma avaliação contínua, avaliadora de duas grandes componentes: cognitiva e sócio-afectiva. Contudo, o exame, obviamente apenas contempla a primeira componente. E aí fala-se em "desvio" e reprova-se a avaliação malandra, que andou ali a beneficiar o aluno, que afinal não merecia aquela primeira classificação. A ser assim, assumamos de uma vez. contemplemos apenas os momentos de avaliação sumativa, que o resto é conversa. Seria bom que decidíssemos onde está o desvio; se da parte de quem avalia ou da parte de quem postula os critérios de avaliação. E valha-nos a santa burocracia! Os documentos oficiais que temos que preencher em função disto...

4 comentários:

Anónimo disse...

Concordo absolutamente contigo. E considero uma verdadeira estupidez os exames nacionais contarem 30% para a classificação final de uma disciplina. Basta um desviozinho e desce-se um valor. Basta um golpe de sorte e sobe-se um valor. Enfim, uma fantochada. Isso e o ranking das escolas. Berdade.

Woman Once a Bird disse...

José:
Considero que os exames constituem uma mais-valia. Considero que constitui um instrumento de avaliação com valor e não defendo a sua erradicação. Considero também que se apresenta também, muitas vezes, os argumentos errados em sua defesa. Abomino o argumento de que os exames servem para disciplinar os professores. A ser preciso disciplinar os professores (e considero que seja), o método adoptado deve focar exactamente quem e o que se pretende disciplinar.
Considero que 30% da classificação final é excessiva, na medida em que na maioria das vezes avalia-se a partir de conteúdos que contemplam dois e três anos de escolaridade. O grau de enviesamento que um exame feito nestas circunstâncias implica (e que apontaste no teu comentário) são perfeitamente detectáveis.
Mas o certo é os exames podem e devem constituir uma mais valia no processo ensino-aprendizagem. Contudo, não concordo com os objectivos que na realidade servem. Não concordo que sejam elaborados por elementos muitas vezes afastados há muito do ensino; não concordo com o excesso de dificuldade que muitos apresentam. Um exemplo simples...
No ano transacto, o exame de psicologia da 1ª fase era (na minha perspectiva) muito desiquilibrado. Fácil, mas desiquilibrado no que diz respeito aos conteúdos contemplados. A 2ª fase, ainda que apresentasse um maior equilíbrio a nível de conteúdos, foi um exame com um grau de dificuldade completamente oposto ao anterior. Tenho alguma dificuldade em perceber estas nuances.
Tenho alguma dificuldade em perceber a necessidade em tornar este elemento avaliativo como o papão do ensino. E portanto, temos alunos que entram nas salas de exame num estado de tensão que obviamente prejudicará o seu desempenho.

Anónimo disse...

eu também sou contra a erradicação dos exames nacionais, ao contrário de muitos dos meus colegas e compinchas. sou é também contra a extrema valorização que se dá aos mesmos, em termos de "relevância social" (não encontrei melhor expressão e não me apetece perder tempo a procurá-la) e em termos do peso para a avaliação das disciplinas. mas acho que têm toda a pertinência para criar uma certa regra no ensino, por exemplo.

Anónimo disse...

Vamos reinventar a escola!!! Estou tão farta desta!! Chega de palhaçada!!!